Depois de fugir de um asilo de desvalidos, Camundo encontra
abrigo na casa de um rico e influente ervateiro. O que poderia ser um final
feliz para um menino abandonado, acaba se tornando em uma infeliz sucessão de
acidentes e infortúnios. Camundo não é um menino comum; é capaz de desenhar
coisas terríveis, que acontecem logo em seguida: incêndios, acidentes e crimes,
entre outras temeridades. O que Camundo não sabe é que desenhos assim podem
despertar interesse de gente perigosa, como a sociedade secreta, conhecida por
Asseclas do Lagarto, que está disposto a tudo para trazer um segredo milenar à
tona, escondido nos corredores subterrâneos da cidade.
Livro no Skoob
Bom... Essa é a primeira resenha dupla aqui no Blog, espero que vocês curtam e se encantem com Camundo tanto quanto nós!!!
Annie
Vivi
Escrever sobre Camundo
não foi fácil. Eu não consegui ler o livro tão rápido quanto eu esperava por
ter ficado doente e depois me vi numa posição incômoda de resenhar o livro de
alguém que eu conheço. Independente do que eu viesse a achar do livro, a forma
como eu conheci o autor certamente teria alguma influência, até pelo fato de
dividir momentos de intrincadas discussões filosóficas com ele. Assim começou
Camundo para mim. Antes de ver a capa, ler a primeira página ou apreciar a
primeira ilustração.
Nanuka Andrade fez um
trabalho magnífico e teve a sorte de pegar uma editora que investiu em seu
projeto num momento em que ele mesmo (eu creio) não esperava. Nas primeiras
páginas me chamou à atenção a forma como ele escreve: não faz uso de um português
vulgar ou cheio de jargões. A escrita é fina e elegante, mesmo quando o
personagem parece não ser dotado de grande inteligência. Pode ser um dos
meninos do lugar onde conheceremos Camundo, pode ser na sociedade que pertence
os futuros amigos dele: o texto não perde a essência. As próprias ilustrações
são uma obra-prima à parte e enriquecem o início de cada capítulo,
transformando algo comum nos livros em elementos vivos da história.
Carlos ou como prefere ser chamado: Camundo, é um garoto
diferente da maioria, e não é apenas por sua habilidade de desenhar, ou por
seus costumes estranhos. O que o diferencia é a forma como seus desenhos
acontecem!! Isso mesmo! Ele não desenha coisas comuns como flores e passarinhos
(embora tenha desenhado um passarinho na estória) Camundo desenha coisas
terríveis que acontecem logo em seguida!! E foi dessa forma que Camundo acabou
se metendo em uma enorme confusão.
Camundo foi deixado em um asilo para crianças desvalidas
ainda bebê, cresceu em um ambiente de revolta e violência, mas nem por isso
tornou-se um menino ruim. Sua sobrevivência se deu em grande parte à Mariana,
arrumadeira do asilo que o tratava com carinho e o protegia dos meninos. Como
Camundo era diferente, acabava sendo alvo das maldades no asilo. Além de tudo isso, Camundo contava com uma peculiar e terrível alergia ao sol.
Enquanto as janelas
abririam os horizontes de sonhos para a maioria das crianças num orfanato, para
nosso protagonista elas seriam sinônimo de pavor. Na penumbra propiciada por
cortinas, na escuridão metafórica daquele asilo, ele aprendeu a conviver com o
lado perverso do ser humano contrastando com a beleza e o perigo que a tinta e
o papel exerciam em sua vida.
Após o último desenho de Camundo acontecer, ele é acusado pelos demais meninos da casa, assim como pelo diretor substituto de ser o autor do tal atentado. Ameaçado pelo chefe de polícia com a possível 'transferência' para uma casa de correção, ele se escondido no porão no tempo preciso em que a arrumadeira consegue tirá-lo do asilo e deixá-lo sob a proteção de Elano Duarte (um ervateiro muito rico e influente naquelas estâncias).
É através de Elano que ouve pela primeira vez sobre os
Homens Lagarto (Asseclas do Lagarto) e toda a história de uma civilização
perdida, sua possível ligação com os desenhos de Camundo e a relação entre as
pessoas raptadas por essa organização.
Todo um novo mundo que
Camundo jamais pensou ser possível existir surge num encadeamento rápido e
letal. As novas pessoas na vida do personagem trazem não só experiências e
histórias. A forma de ver e viver a vida de cada personagem recebe um toque
daquilo que o autor acredita. Malini durante toda a leitura foi ‘a minha
personagem’. Aquela em que eu conseguia entender o raciocínio e antecipar os
passos. E mesmo nos defeitos, ela tornara-se tão real que em alguns momentos me
peguei a pensar ‘o que há de errado em ela ser assim?’, para pouco depois
perceber que era uma pergunta a ser feita à mim e não à ela.
Os personagens mais cativantes em minha opinião são Cindina
e Leônidas (me identifiquei com ele de cara) além é claro de Camundo (que é meu
queridinho)
Algo que também não posso deixar de falar é sobre a
diagramação do livro que é simplesmente perfeita e sem dúvida as ilustrações no
início de cada capítulo, são perfeitas!! Confesso que ficava ansiosa para
terminar logo o capítulo e ver qual ilustração o Sr. Nanuka havia preparado
para o próximo.
Em suma, Camundo é um dos livros que mais me surpreendeu
esse ano, como alguns sabem, tenho minha listinha de nacionais favoritos e
Camundo com certeza entrou para essa lista!!
Camundo me surpreendeu. O que não quer dizer que eu duvidasse da capacidade do material. Apenas achei que talvez não fosse ser uma temática que me cativasse. Nanuka Andrade fez um ótimo trabalho (ao menos na visão de uma leitora leiga). Por outro lado, a editora acertou, deixando muito pouco a reclamar: os erros no texto são diminutos e talvez se conte numa mão as escapulidas.
Senti falta (e isso é uma questão minha) de um material de divulgação que mostrasse mais as ilustrações. Não sei, talvez cards num estilo noir como pequenas fotografias numa moldura, ficariam perfeitos. É um livro que cabe esse tipo de divulgação e cabe a exploração de pequenos contos dentro daquele universo, embora não creia que o livro tenha deixado pontas soltas. Acho que eu só gostaria mais se fosse escrito no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina.
“Camundo sentiu o rosto corar. Como explicar a um policial que na verdade tudo o que desenhava acontecia? No mínimo o sujeito, como há de acontecer às pessoas sensatas, acharia a história um absurdo.” Pág. 19
"Malini vestia um alegre sareé (que são vestidos indianos, muito coloridos e bonitos) e mantinha os cabelos negros trançados, andando com um sorriso que era como ver a realeza.
Mas, cá entre nós, era assim só na aparência, porque, no fundo, era a impaciência em pessoa, ansiosa e mandona, daquelas que preferem usar calças curtas aos saiotes e subir em árvores a brincar de boneca." Pág. 88
Dedicatória e Caricatura do livro da Vivi
Dedicatória e Caricatura do livro da Annie
Bjokas da Vivi e da Annie!!
Vivi e Annie,
ResponderExcluirMuito obrigado por prestigiar o Camundo. Mais do que isso, por prestigiar escritores nacionais.
Para quem está começando, como estou, é um sopro de incentivo!
Obrigado!
*_______________*
ResponderExcluirAdooooro! haha -sou suspeito nisso tudo.
Estou ansioso para reler a história, saber das modificações, apreciar, com cuidado, as ilustrações...
Sr. Nanuka, vou querer minha caricatura também quando te encontrar. xP
É diferente. Novo. Cativante.
Parabéns pela resenha!
@rafaschiabel
http://lembradaquelahistoria.blogspot.com/
Ah Meninas!
ResponderExcluirMuito boa a resenha de vocês! Achei que uma complementa a outra, sabe? Adorei!
Sinceramente, "sempre" achei que Camundo não seria um livro que eu super desejasse, e compraria de cara, mas a verdade é que essas resenhas estão me deixando curiosa, e penso que vale a pena comprar e ler o livro! :D
AAAAHHH! E em Santa Catarina ia ser legal, em? :DDD
Adorei!
Beijos :*
Amei esse livro, a escrita tem aquele jeitinho brasileiro gostoso, os personagens são cativantes e a história tem mistério e uma mitologia totalmente diferente e interessante.
ResponderExcluirEu também tenho o livro autografado com caricatura! Conheci o Nanuka na bienal do RJ, super simpático e atencioso. Fiquei muito feliz por vê-lo lá, afinal nem sabia que ele iria.
Ótima resenha, parábens! =D